Hoje aconteceram umas situações um tanto inusitadas com relação a alimentos.
E eu, como nutricionista e especialista nesta área, li bastante. Principalmente os comentários.
A primeira foi em um post no Facebook onde alguns nutricionistas demonizavam alguns alimentos - na verdade quase todos os industrializados, inclusive leite em pó desnatado.
Uma das coisas que achei bizarra foi dizer que a maltodextrina é igual a açúcar. Beleza, a malto é um carboidrato, e em tem alto índice glicêmico (tanto que é utilizado por ATLETAS para reposição de energia), o que pode gerar um aumento nas células de gordura, mas NÃO É igual ao açúcar. O processo metabólico de digestão e biodisponibilidade é diferente.
Vi milhares de pessoas comentando o quanto é inadequado a indústria promover para diabéticos um alimento que, fosse este o caso, seria ideal evitar.
Mas, para quem sofre com restrições no consumo de alimentos que contenham sacarose [o açúcar nosso de cada dia], os adoçantes que contém sucralose, aspartame, sacarina sódica, ciclamato de sódio, acessulfame de potássio e/ou maltodextrina são as opções que o mercado disponibiliza. Há também o steviosideo, mas muitas pessoas não se adaptam a ele por conta do sabor. Há aqueles que o utilizam sem problemas. Há ainda pessoas que ao se verem diabéticas, uma doença limitante no consumo de diversos alimentos base dos hábitos alimentares brasileiros, preferem esquecer que existem doces, açúcar, café, pães... E sofrem ainda mais, pois muitas vezes restrigem seus contatos sociais por não poderem comer 'nada'.
Esse é o terrorismo que é feito com quem é diabético, com quem tem pressão alta, com quem está com alterações de colesterol e triglicérides, com quem está acima do peso...
Vai dizer que ninguém nunca apontou o dedo praquela pessoa considerada gorda e disse, com maldade, que era gordo porque enchia a cara de comida? Ou que 'estava' diabético ou doente porque não conseguia se controlar?
Já vivi, e ainda vivo, situações assim.
E, agora à noite, pensando nisso, minha filha chega chorando do centro porque queria comer um risole e tinha acabado. Chorando. Parecia que tinha até perdido um grande amor numa guerra intergalática. Tudo isso por um risole de presunto e queijo.
Aqui nós controlamos bastante o consumo de alguns alimentos, mas não proibimos, principalmente para ela, que tem 6 anos, mas que desde que nasceu faz controle de hormônios tireoidianos e outros. Para os outros também, pois também precisamos estar saudáveis, daí a necessidade de um controle naqueles alimentos mais gostosos, ricos em gorduras e açúcares.
Fora isso, tomamos sorvete, fazemos bolinho de chuva, comemos brigadeiros, um ou outro salgado de vez em quando...
Não tem que proibir, tem que dividir, nos intervalos de tempo e nas quantidades.
Mesmo quem sofre com alguma doença, pode, em determinado momento, matar uma vontade.
Mas não demonizem os alimentos.
Há pessoas que passam fome - e morrem por isso.
E a galera preocupada com barriga x, bumbum y e por aí vai.
Glúten não é vilão. Lactose não é vilã. Carboidrato não é vilão.
Alimento nenhum é vilão. Não é lixo. Não é porcaria. Não é gordice.
Vilão é quem transforma esses alimentos em vilões, em busca de uma suposta saúde que, nem de longe, está relacionada a deixar de comer alguma coisa e/ou comer alguma outra coisa no lugar.
A propósito, amanhã vou fazer risoles de presunto e queijo.
Prometi. Fazer o quê? 😊
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