
20 mulheres em um sala falando sobre peso, corpo, saúde, comida, limites, gostos, vontades... Eu como gestora do grupo, a nutricionista, a mais nova da sala. As meninas todas de 60 anos de idade para cima. E foi uma delícia e super motivador.
Falamos sobre diversos aspectos, do modo como nos enxergamos, ou de como o outro nos percebe, da história de vida, cheia de lutas, perdas e vitórias de cada uma, inclusive sobre a comida ou as comidas de cada dia, de cada momento. Das angústias, tristezas ou alegrias e tantos outros sentimentos que desviamos para aquilo que comemos, muitas vezes sem perceber.
E aí, depois de muito conversarmos, eu perguntei a cada uma delas:
Qual é a sua comida do coração?
E as respostas surgiram, automáticas, como se cada uma delas esperasse por essa pergunta. E as respostas foram incríveis, assim como cada gargalhada que surgia do amor de uma ou de outra, do mesmo modo, as trocas de ideias que afloraram neste momento.
Depois de toda a roda, foi a minha vez. Elas também queriam saber.
BRIGADEIRO!
Quente, na colher, direto da panela. Ou enrolado também. Mas o meu conforto emocional, vem com ele quente, recém saído do fogo. Assim como de outras pessoas, esse conforto surge com outras coisas. Uma delas citou os salgadinhos - coxinha e similares. Nem precisa de arroz e feijão se tiver salgadinhos. A outra, linguiça assada com arroz branco. Uma outra arroz branco com frango. Outra, ainda, uma pizza...
Cada uma sabe da própria vontade, e do quanto se limita pela necessidade de controlar as doenças que já estão presentes, ou que estão batendo, ferozmente, na porta de cada uma. Cada um sabe a dor e o amor de ser quem é.
Conhecer os sentimentos, olhar para dentro de si, se perceber... Isso faz diferença.
Permitir que a comida faça parte da vida, como deve fazer, sem ser um substituto para as emoções, é o foco das nossas mudanças alimentares, da nossa mudança de comportamento alimentar. E essas mudanças podem ser muito benéficas, muito positivas, e deliciosas. Quando conseguirmos engolir a raiva, a dor, a tristeza, a ansiedade, o medo, a felicidade, a paixão não correspondida, e não nos virarmos para a comida a cada sentimento guardado, escondido, no fundo do peito - ou do estômago - a nossa relação com a comida vai melhorar. A nossa relação com o nosso corpo vai melhorar. E o peso excessivo vai sumir, naturalmente, sem esforço. Seremos melhores conosco. E esse é um bem que ninguém pode tirar de ninguém.
E para você, querido leitor, qual é a sua comida do coração?